A Ana e a Mia!

Alguns de vocês já leram este post na minha antiga casa, no entanto, como eu acho que é um assunto interessante e muito sério, e não deveria deixar de ser debatido, vou postá-lo outra vez. Assim, os que não conheciam o meu antigo blog e não tiveram oportunidade de o ler... podem fazê-lo agora. E desta forma, é mais uma maneira de deixar novamente o alerta. Nunca é demais!

Aqui vai:

Pró-ana e Pró-Mia! Já ouviram falar delas? De certeza que sim mas talvez não com estas expressões!

Pró-Ana: Termo utilizado a favor da anorexia. Pessoas que defendem esta doença dizem ser “Pró-Anas” e não consideram que a anorexia seja uma doença mas sim um estilo de vida.

Pró-Mia: É exactamente a mesma coisa, mas a tal “Mia” refere-se à Bulimia.

Estes movimentos Pró-Anas e Pró-Mias têm vindo a ser notícia nos meios de comunicação social. Ironicamente nunca consegui apanhar nenhuma reportagem sobre o assunto, só ontem consegui apanhar os últimos segundos de uma reportagem e o única coisa que consegui ver era várias imagens com as palavras “pró-ana”. Fui à net e procurei…
Os resultados foram assustadores. Parecia que estava a entrar numa outra dimensão.
O que li foram palavras de mentes doentes que precisam de ajuda. Não imaginam mesmo como fiquei chocada, como é possível alguém pensar desta maneira?

Citações como “Anorexia não é uma doença, é um estilo de vida” ou “Nos ossos é que está a beleza” vêm da parte destas pessoas, maioritariamente raparigas. Pessoas que querem ser extremamente magras e que os seus modelos de vida são as manequins, actrizes, cantoras, etc. que saiem nas revistas. O que elas se esquecem, são que todas essas raparigas de sonho não têm o corpo exactamente como elas pensam. As fotos são retocados, a celulite retirada, as rugas apagadas, qualquer pequeno defeito é trabalhado e o resultado que sai cá para fora é irreal e é esse resultado irreal que move estas raparigas. Pensam que só assim é que vão ser desejadas, cobiçadas, lindas, populares e todas essas coisas que os jovens querem ser hoje em dia.

Estes doentes não querem aceitar que de facto… estão doentes e que precisam de ajuda. Recusam qualquer tipo de aproximação de pessoas que são contra os movimentos que eles defendem.
Na Internet, através de blogs, sites, chats, estas pessoas trocam dicas de como enganar os pais/maridos, como comer e vomitar, dietas rígidas, incentivam a estas práticas achando que não há mal nenhum nestas acções. Tudo o que possam imaginar.

Aqui fica um exemplo do que para estas pessoas, são regras a cumprir rigorosamente:

Conselhos Pró-Ana/Mia

1 - Olhe no espelho e diga a você mesmo que está gorda.
2 - Não acredite no que os outros andam dizendo a seu respeito.
3 - Olhe imagens de meninas/meninos magros, diariamente e se torne um deles.
4 - Não pense ou coma comida. Comida lhe faz engordar, QUALQUER comida lhe faz engordar.
5 - Beba o máximo de água que você aguentar. Se você sente que vai explodir, beba um pouco mais.
6 - Não chore, chorando você faz um drama e mostra que você não tem controle.
(Informação retirada deste blog)

E aqui ficam algumas expressões/códigos que encontrei, dos apologistas deste movimento quase que “underground”:

Ana: Anorexia Nervosa; pró-Ana: a favor da anorexia

Mia: Bulimia Nervosa; pró-Mia: a favor da bulimia

Anjo, Boneca, Criança, Princesa: a forma como se designam a si próprias, o que se explica pela alteração hormonal causada pela anorexia, que causa um atraso na puberdade.

Controlo: o que todas elas querem atingir.

Compulsão: uma crise de voracidade. ‘Tive uma compulsão’ significa: ‘Comi muito’.

ED: Eating Disorders (Perturbações do Comportamento Alimentar). Pró-Anas/Mias referem carinhosamente os seus ED como se de uma mascote se tratasse.

Miar: vomitar. As ‘Mias’ ou ‘Ana/Mias’ (descritas cientificamente como anorécticas de tipo compulsivo) têm crises de voracidade em que ingerem grandes quantidades de comida e sentem muita culpa, vomitando em seguida.

LF: Low Food (pouca comida). Pró-Anas/Mias fazem frequentemente jornadas de LF e promovem LFC (Low Food Colectivos) na rede, concursos em que ganha quem conseguir seguir as restrições mais severas durante mais tempo.

NF: No Food (nenhuma comida). NFC: No Food Colectivo. O mesmo que acima, mas observando jejum completo.

Procurem e vão ver os resultados. Volto a dizer, são assustadores.

Fica aqui o excerto de uma carta supostamente escrita pela “Ana”, na 1ª pessoa:

“Querida Leitora,
Permita me apresentar.Meu nome, ou como sou chamada, pelos também chamados ‘doutores’é Anorexia. Anorexia Nervosa e meu nome completo, mas você pode me chamar de Ana. Felizmente nos podemos nos tornar grandes parceiras. No decorrer do tempo, eu vou investir muito tempo em você, e eu espero o mesmo de você.

No passado você ouviu seus professores e seus pais falarem sobre você.Diziam que você era tão madura, inteligente, e que você tem tanto potencial. E eu pergunto, aonde tudo isso foi parar? Absolutamente em lugar algum!Você não e perfeita, você não tenta o bastante! Você perde muito tempo pensando e falando com amigos!Logo, esses atos não serão mais permitidos.

Seus amigos não te entendem.Eles não são verdadeiros. No passado, quando inseguramente você perguntou a eles:- Estou gorda?- E eles te disseram:- Não, claro que não!-você sabia que eles estavam mentindo!Apenas eu digo a verdade! E sem falar nos seus pais!Você sabe que eles te amam e se importam com você, mas uma parte é porque eles são pais, e são obrigados a isso.Eu vou te contar um segredo agora: Bem no fundo, eles estão desapontados com você. A filha deles, que tinha tanto potencial, se transformou em uma gorda, lerda, e sem merecimento de nada!

Mas eu vou mudar isso.”

Se quiserem ler a carta na totalidade, podem fazê-lo aqui

E aqui podem ver um vídeo feito por uma Pró-Ana

Não vou criticar, quem sou eu para isso. Mas há quem diga que as pessoas que sofrem destas duas doenças não são culpadas porque sofrem de uma doença e ninguém escolhe ser doente. É verdade, ninguém escolhe ser doente mas este tipo de doença não começa sozinha. Começa sim por causa do doente, pela maneira do doente pensar, dos seus objectivos de vida. Ninguém obriga essas pessoas a deixarem de comer e a quererem ser esqueléticas. Elas começam a deixar de comer ou a comer e vomitar por sua livre vontade mas chegam a um ponto em que já não conseguem controlar e só aí é que começa a doença mental, só aí é que podemos considerar que estejam doentes.