Unexpected Thoughts!

Violência doméstica!

>> quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Este é um assunto que me dá a volta ao estômago.
Um post que li recentemente num blog fez com que quisesse escrever sobre este assunto.



É inacreditável o número de pessoas que sofre de violência doméstica continuada. Segundo um estuda da APAV, só no primeiro semestre de 2008, foram 4699 as pessoas que apresentaram queixa por um qualquer tipo de violência doméstica. E este é o número dos corajosos que tiveram a corajem de apresentar queixa, eu nem faço ideia do número de pessoas que continuam a ser espancadas, maltratadas e violentadas, seja fisica ou psicológicamente e nada fazem para alterar a situação.

Não consigo entender as pessoas que não fazem queixa, sejam homens ou mulheres. Sim, porque a violência doméstica em homens também existe. Segundo o mesmo estudo, 13% das vítimas de violência doméstica são homens, 86% são mulheres.

E não consigo entender porquê?
Porque existem meios, porque existem entidades competentes, porque existem amigos, porque existem familiares.
O “Não digo nada porque tenho medo do que ele/a possa fazer” não é, de todo, uma desculpa válida para quem tem família e amigos.
Para pessoas que não têm ninguém, a não ser, única e exclusivamente a besta que lhes dá porrada, já é diferente, já é mais difícil ter a coragem e o sangue frio para fazerem o que deve ser feito... mas não é impossível!

Não consigo entender e, por mais que pense no assunto, só chego a uma conclusão: Só leva esta vida quem quer, quem se deixa ir, quem não faz nada. E assim, só posso dizer que não tenho pena nenhuma dessas pessoas.

Quantas não são as vezes em que algum amigo, familiar, vizinho, whatever faz queixa do que viu/ ouviu e não hora das entidades competentes irem falar com as vítimas, estas negam tudo?
Como é possível? Está-lhes a ser dada uma oportunidade de saírem daquele inferno, alguém fez por elas o que estas não tiveram coragem para fazer e depois negam? Deixam-se ficar? Não foi nada?
Estas são as pessoas que vivem na ilusão de que o outro vai mudar. Ou então, se calhar, já nem têm essa ilusão, simplesmente tentam acreditar nisso, só para arranjarem uma desculpa para o que se passa.

“É normal, ele/a veio chateado/a do trabalho”;
“Foi só uma chapada, não tem nada de mal, acontece!”
“Foi só desta vez, não volta a acontecer!
“Eu sei que no fundo ele/a gosta de mim”
“Foi do álcool, ele/a não é assim.”
Estas são algumas das muitas bengalas que utilizam para tentar arranjar uma razão válida?!? (Se é que isso é possível).

E por favor, que não se use os filhos como desculpa.
Nunca, em lado algum, uma criança vai ser psicologicamente saudável ao saber que o pai maltratada a mãe ou vice-versa. Nenhum pai deveria submeter o filho a uma violência destas.



Alguns de vocês podem estar a pensar: “Não é assim tão fácil. Não fazes ideia do que estás a dizer.”
Não, felizmente, na prática nunca passei por nada do género nem conheço ninguém que passe o tenha passado (pelo menos que eu saiba). E também não estou a dizer que é fácil, muito pelo contrário. Mas se se acomodarem e forem arrastando a situação, não saem da cepa torta.

NENHUMA, repito, NENHUMA desculpa é válida para se aplicarem agressões físicas e psicológicas a um companheiro. Escusam de tentar encontrar uma razão, não vão conseguir .
E a culpa não é da vítima, por mais que a façam pensar que sim.
Normalmente, quem agride uma vez, não fica por aí.

Para os homens: Levarem porrada de uma mulher, não é vergonha nenhuma por mais que a sociedade brinque com esta situação.
Não duvido que grande parte dos homens que é vitima de violência não apresenta queixa por vergonha, por não ser “bem” ser agredido por uma mulher, porque não querem ser apelidados com um qualquer adjectivo menos próprio e que ponha em causa a sua masculinidade.

Se são vitimas de violência doméstica, mexam-se, façam alguma coisa para travar a situação. Procurem um familiar, um amigo. Vão ao hospital, arranjem as provas que precisam. Apresentem queixa na polícia, procurem uma instituição. Existe uma imensidade de sítios que vos podem ajudar.

Se conhecem alguém que sofre de violência doméstica e, principalmente, que queria sair desta situação, façam o mesmo, mexam-se, actuem. Falem com a pessoa, mostrem que ela não está sozinha. Incentivem, dêem coragem para que alguma coisa seja feita. Acompanhem-na à esquadra, ao hospital, onde for preciso. Uma palavra, um gesto, uma demonstração de disponibilidade pode mudar tudo.
O “Entre o marido e a mulher não se mete a colher” é coisa do passado.


Aqui ficam dois links úteis:

APAV - Aqui existem vários conselhos e contactos que possam precisar. Existem também testemunhos de diferentes tipos de violência, sejam de casal, a idosos, a casos de uma só noite que resultem em espancamento e violação, etc.
Existe também a parte do voluntariado caso alguém esteja interessado.

Instituições de Apoio - Encontram aqui uma enormidade de contactos para qualquer ponto do país

12 bitaites:

Maria Manuela 28 de janeiro de 2009 às 22:12  

eu consigo entender... cada caso com que lido é diferente, as razões e condições são várias...

entendo mas não aceito...

bj

Mel 28 de janeiro de 2009 às 22:43  

Isto é muuuuuuuuuuuuuuito complicado.

Esta semana encontrei uma conhecida minha, que não via à séculos.
Namorou 18 anos (desde miudinha) com uma pessoa, com a qual casou. Casamento esse que acabou 2 meses depois, porque ela descobriu que ele tinha outra...

Quando ela o mandou para fora da casa dela (sim, porque a casa era e é dela), o gajo quase a matou com porrada...

Como ela só queria o divórcio o mais rápido possível, não chegou a apresentar queixa, mas mesmo assim aquela besta ainda lhe bateu mais umas 4 ou 5 vezes, roubou-a e ia-a deixando sem nada...

Respondi-lhe que agora quem lhe apetecia bater era eu, por nunca ter apresentado queixa...ela respondeu-me que foram 18 anos em comum, que ele já era quase como um irmão para ela, que não teve coragem...mas que teve força, que hoje era livre...

Por vezes as agressões psicológicas são muito piores que as fisicas, e as pessoas vitimas de violência não conseguem raciocinar tão livremente como tu, como eu, porque apenas conhecem a palavra medo na vida delas.

Continuo a afirmar, é tudo muito mais complicado. Principalmente num país como o nosso, em que as vitimas são obrigadas a mudar de vida, cidade ou país, e os agressores ficam em liberdade, com a casa e contas bancárias...

Mulheka 28 de janeiro de 2009 às 23:32  

Maria Manuela - Provavelmente não aceitar seria a palavra mais correcta mas não.. também não consigo compreender. Beijo

Mel - Ninguém disse que não era complicado. E sim, num país como o nosso é mais difícil mas se as pessoas não fizerem por mudar, se decidiram calar, as coisas só vão pior. Não tenho qualquer dúvida nisso.

A tua amiga não apresentou queixou mas por outro lado não se submeteu a essa situação e fez algo por ela. Só há que aplaudir. Apesar dos 18 anos de casamento não serem desculpa para não ter apresentado queixa. De qualquer forma, ela mexeu-se e saiu da situação em que estava. É isso que se pretende, que as pessoas se mexam!

Obviamente que eu encaro a situação mais friamente do que alguém que esteja a viver este tipo de situações mas para isso existem instituições, amigos e família para nos ajudar a raciocinar, para nos direccionar.

Mel 28 de janeiro de 2009 às 23:45  

Correcção, ela namorou 18 anos, e esteve casada 2 meses...

E não te esqueças que muitas vezes a familia é a primeira a censurar a mulher, que se ele lhe bate é por alguma razão.
Cada caso é um caso.

Mas concordo, a denuncia é o primeiro passo para a liberdade...mas infelizmente na nossa merda de país, ainda não dá!

Mulheka 28 de janeiro de 2009 às 23:56  

Mel, não tem que necessariamente procurar um familiar. Um amigo, pro exemplo. Alguém que confie. Com toda a certeza que não estará toda a gente contra a vítima.

E mesmo que não haja, a principio, um à vontade para falar com alguém conhecido, existem sempre as instituições especializadas com ajuda direccionada e experiente nos casos em questão.

Longe da justiça estar perfeita neste país mas sim, é possível já apresentar queixa. Funciona. Não em todos os casos, mas funciono.
Conheço polícias que me contam casos e, podes ter a certeza, funcionam. Espero um dia destes poder generalizar e não somente dizer que existem casos em que a denúncia funciona.

bluefox 29 de janeiro de 2009 às 11:31  

Tudo isto é mesmo muito complicado. E quando sao relações muito longas é pior. Mtas vezes as pessoas sujeitan-se pq estao sós, quando casaram mudaram de cidade ou de País e acabaram por perder o contacto com familiares e amigos e por alguma razao nao tiveram oportunidade de fazer novos amigos ás vezes porque o agressor condiciona a socializaçao da vitima. E depois há a vergonha...
É mto mau.

Vitória 29 de janeiro de 2009 às 14:52  

Eu por acaso não entendo e não aceito, enoja-me até.

Beijo nina

Sadeek 30 de janeiro de 2009 às 10:26  

Mulheka...já fiz alguns posts sobre este problema! Não consigo também compreender como não se tenta ao menos arranjar ajuda para sair deste problema....talvez o terror seja demasiado...

O que é certo para mim é que, quem o faz, devia ser metido numa prisão até ao fim dos dias...ninguém tem o direito de fazer isto a ninguém... :S

BEIJOOOOOOOOOOOOOO

Mulheka 31 de janeiro de 2009 às 11:45  

Bluefox - Claro que é complicado, disso não há dúvidas nenhumas.
O estarem sós não é razão para se sujeitarem a levar porrada e a serem agredidas psicologicamente.
Admito que o facto de não terem amigos ou familiares a quem possam pedir ajuda, é mais um entrave a não sairem de onde estão. Mas existem instituições.

Há pessoas que nas mais diversas situações, (mesmo com apoio), preferem desabafar, pedir ajuda a desconhecidos.

Há SEMPRE uma saída, basta procurá-la!

Vita - Exacto! Beijo

Sadeek - As pessoas que sofrem deste tipo de violência, sem dúvida que devem vive constantemente aterrorizadas, mas somos nós que temos que começar a fazer algo por nós próprios.

Quanto a segundo ponto do teu comentário: Totalmente de acordo, nada a acrescentar!
BEIJO

Sad Tear 31 de janeiro de 2009 às 12:40  

É uma situação muito complicada, mas ninguem deve apanhar e ficar calado, seja homem ou mulher...é preciso sair dessa situação!

Mulheka 6 de fevereiro de 2009 às 22:42  

S. Tear - É mesmo!

Anónimo 21 de dezembro de 2009 às 13:15  

falar é mto fácil
fui vitima durante 12 anos
os agressores isolam as vitimas de forma a que estas percam o contacto com amigos e familiares controlando toda a parte financeira
controlam todos os passos que damos e quanto ás instituições essas ao fim de 7 meses data a que consegui fugir de casa ainda espero apoio nem APAV ou GAV ou Min.publico Seg.Social entre outros me deram qualquer apoio
a APAV então essa só serve para as estatisticas .......

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