Os transportes!
>> quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Mulheka entra para o seu bus de 2º andar para ir p’a casa, senta-se numa das cadeirinhas e ouve atentamente o relato do Copenhaga vs GLORIOSO (GANHÁMOS!!! BENFIIIIIIICA !!!! CAMACHO, és o REI! Continua a gritar com os moços! Só assim é que eles vão lá! Tou contigo, cariño!)
Entra no bus um gajo assim meio apanhado do clima (que é da terra onde vivo e por isso é que sei que ele é assim meio a atirar p’o esgroviado!) e senta-se à minha frente. No outro par de bancos ao lado do dele, estava uma senhora. No final dos 40, talvez. Bem bronzeada, pernoca firme. Uns calções curtinhos. Não era bonita mas era jeitosa!
Estou eu concentrada a ouvir o relato e oiço algo que se põe entre o relato e eu:
- Olhe desculpe! Será que me pode acertar aqui as horas deste relógio? É que eu não percebo nada disto.
E nesta altura tá o gajo a empenhar o telemóvel na direcção da senhora jeitosa!
“Deixa-me lá acomodar que isto vai ser bonito!”, pensei!
A senhora olha de lado mas lá diz: “Dê cá para ver se eu percebo disso!” e diz ele: “Não lhe quero faltar ao respeito mas que é não percebo mesmo disto!”
Passado um bocado diz ele assim: “Será que me posso sentar aí? É que não percebo nada destas coisas e assim aprendo.” Ela lá o deixou sentar-se.
Conversa:
Ela – Olhe tem aqui umas mensagens para ler (e passou-lhe o tlm)
Ele – Pode ser você a ler? É que não percebo nada disto.
Ela – (A ler a sms) “A sua senhora está a passar mal!”
Ele – Ah!!! Isso são uns gandins. Uma vez meti-me com eles e agora mandam-me mensagens dessas.
Ela – (Sms seguinte) “Um abraço de teu primo. Que faças com que a tia e a avó tenham uma vida feliz!”
Ele – “Ah… é um primo do Brasil. Um querido!”
(…. Conversa que não apanhei porque também tinha que tar atenta ao jogo e o gajo era difícil de perceber)
Oiço ele a dar o nº. Ela a ligar.
Ele – “Aaaaaahhh! Era para saber se tinha som ou não no telemóvel. Afinal tem. Obrigada!”
(…)
(…)
(Já quase no final da viagem)
Ele – “Olha, foste uma simpatia. Muito obrigada por me teres ajudado.
Ela – “De nada”
(Silêncio…)
Ele – Sabes que é difícil encontrar pessoas como tu, obrigada!
Ela – (Muda! Só a acenava que sim com a cabeça)
Ele – Não sei se vou já para casa ou não.
Ela – (Muda)
Ele – Se calhar vou já para casa.
Ela – (Muda)
(Silêncio…)
Ele – Olha, tas a ver ali aquela casa ao fundo? Ah espera, vamos lá passar. Tas a ver? Aquela… ali… depois de…. Espera que já te mostro onde mora a minha avó.
Ela – “Não é preciso!”
Ele – “Mas olha, é mesmo ali!”
Ela – (Muda)
O telemóvel da senhora toca. Ela fala. Ela desliga.
Ele – “A conversa correu bem, hein?)
(Silêncio…)
Ele – “Olha, foste uma simpatia por me teres ajudado. Sabes que já não há pessoas assim. Estou muito feliz. Feliz por ter encontrado alguém assim tão simpático como tu!
A senhora coitada só abanava que sim com a cabeça, já nem conseguia olha para ele.
Ele – (Já a levantar-se para sair). “Mas olha, és uma pessoa de muito valor. Gostei muito de te conhecer. Se eu um dia te ligar, é para agradecer por me teres ajudado porque és uma simpatia e já não há pessoas assim. Tem uma noite feliz!
(Oh amigo, ela vai ter uma noite feliz mas não é contigo pah!!!)
Ele - (A descer as escadas do autocarro) – “Obrigadaaaaa!”
Para finalizar, ele põe-se à frente do bus para lhe dizer adeus!
E eu JURO que não inventei nada!
Gostei especialmente da parte dos gandins… aqueles malvados!
Quais big brothers pré-fabricados quais quê! Umas camarazitas ocultas e uns microfones nos transportes públicos é que era!!! Pérola atrás de pérola….